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CASE STUDY Carnaval em Jundiaí: ações integradas garantem folia tranquila

Por Gustavo Zuccherato

Câmeras, drones, unidade móvel, planejamento e gestão conjunta fizeram do carnaval uma experiência organizada e sem ocorrências graves

Carnaval. Para muitos, essa palavra representa um período de muita alegria e diversão. Sem segurança, no entanto, até mesmo a mais brasileira das festas pode se tornar um grande transtorno para muita gente. Pensando em melhorar a experiência de todos, a cidade de Jundiaí, no interior de São Paulo, organizou uma operação de carnaval inédita, apostando na tecnologia e na integração de forças para uma maior efetividade nas ações.

Ao todo, a cidade contou com mais de 90 câmeras de videomonitoramento para trabalho integrado

Com uma população estimada de aproximadamente 400 mil habitantes, a folia contou com o tradicional desfile de Escolas de Samba em uma das principais avenidas da cidade e diversos blocos por várias ruas em uma programação que começou no dia 9 e foi até o dia 17 de fevereiro.

A iniciativa conjunta, anunciada logo no começo do ano, reuniu os representantes de órgãos da administração municipal com membros da Polícia Civil e Militar, Bombeiros e Guarda Municipal para criar uma Sala de Situação no Paço Municipal de forma que todos pudessem aproveitar a videovigilância a favor das suas competências, estabelecendo um Centro Integrado de Comando e Controle de Jundiaí (CICCJ).

“A Administração encontra-se empenhada na atuação cada vez mais voltada à prevenção, no combate à violência e criminalidade. Para isso, os caminhos de integração entre as forças de segurança e os demais segmentos envolvidos seguem para que se possam alcançar resultados cada vez mais positivos”, afirmou o Prefeito Luiz Fernando durante coletiva.

O projeto aproveitou parte da infraestrutura já instalada na cidade e foi complementada por soluções fornecidas por parceiros da iniciativa privada. Sendo uma das pioneiras regionais em tecnologia a favor da segurança, o Centro de Controle Operacional da Guarda Municipal de Jundiaí foi a base que permitiu essa projeto.

Ao todo, foram 13 blocos que preencheram as ruas de Jundiaí durante o dia e a noite (Foto: AeroKapture)

Iniciada em 2006 com 42 câmeras, hoje, a cidade conta com 85 câmeras HD de videomonitoramento, todas da Bosch, sendo 55 modelos PTZ da linha AutoDome com zoom de até 36x e outras 30 das linhas Dinion e Flexidome, gerenciadas a partir do software proprietário da marca. Além disso, a partir de 2012, a cidade passou a contar com câmeras especificas para reconhecimento óptico de caracteres (OCR, da sigla em inglês), contando atualmente com 102 câmeras deste tipo, modelo ITSCAM 411 da Pumatronix, sendo gerenciadas pelo software Sentry da Multiway.

“As câmeras de OCR tiram uma foto e fazem leitura de placa de todo veículo que passa por seu campo de visão e o registra em um banco de dados. A partir disso, o sistema Sentry alerta o operador em caso de alguma restrição e também podemos fazer pesquisas que acharmos necessárias”, explica Gilberto Russo Jenuino, subinspetor da Guarda Municipal. “Este sistema é integrado com 11 cidades da região, formando uma base de dados compartilhada entre esses municípios. Assim, se algum veículo furtado em uma cidade vizinha for cadastrado no sistema, assim que ele for identificado por uma das câmeras, recebemos um alerta”.

De acordo com o subinspetor, toda a comunicação das câmeras com o CCO é feita através de um anel de 60 km de fibra óptica espalhada pela cidade, com redundância e alguns pontos com ociosidade de rede.

Gilbeiro Russo Jenuíno, subinspetor da Guarda Municipal de Jundiaí (Foto: Flávio Bonanome/Revista Digital Security)

“Por não termos inteligência nas câmeras nem no software de gestão de vídeo, operamos 24 horas por dia com uma equipe de 7 pessoas durante o dia e 5 durante a noite”, ressalta. “Ao todos, são 15 estações de monitoramento disponíveis para acesso das imagens e backup”.

Por se tratar de uma infraestrutura IP, para o armazenamento das imagens o CCO emprega servidores Dell e HP, com 72 TB de capacidade para o videomonitoramento e 18 TB para o OCR. Os modelos para CFTV são um Dell PowerEdge R410 e três Dell PowerEdge R510, enquanto para o OCR são utilizados um HP Proliant DL380 G7 e um HP P2000. “Seguimos a determinação da lei de monitoramento, armazenando o vídeo durante 30 dias e o OCR em torno de 12 meses”, conta o subinspetor. “Na visualização, utilizamos 100% da qualidade das imagens, mas na gravação colocamos apenas 50% como uma forma de diminuir custos. Como o monitoramento é em tempo real, conseguimos capturar os detalhes ao vivo com o zoom das câmeras, então a qualidade em 50% é suficiente para nós”.

A comunicação com os agentes em campo é feita através de uma rede de rádio digital privada e criptografada, baseada em 350 comunicadores da Motorola Solutions utilizados pelos guardas municipais.

Já possuindo um ponto de fibra óptica no Paço Municipal, não houveram grandes dificuldades para levar o acesso desta infraestrutura para a Sala de Situação. De acordo com o subinspetor, foi necessário apenas levar a estação de monitoramento e realizar a conexão no local.

Sala de Situação permitiu que órgãos da administração municipal e membros da Polícia Civil e Militar, Bombeiros e Guarda Municipal aproveitassem a vigilância em suas competências (Foto: Divulgação)

Carnaval em 2018

Cientes de que um bom planejamento faz toda a diferença, o carnaval de Jundiaí foi pensado de maneira coordenada. “Fizemos várias reuniões com todos os órgãos relacionados e interessados e, baseados na experiência do ano passado, definimos os locais onde o desfile e os blocos estariam autorizados a circular, considerando o posicionamento das câmeras que nós já tínhamos instaladas”, relata o subinspetor Russo.

Outro diferencial foi a utilização de uma unidade móvel de monitoramento do programa federal “Crack, é possível vencer”. Com quatro câmeras fixas externas, a unidade da Guarda Municipal de Jundiaí foi atualizada com uma câmera speed dome no topo para servir como um centro de monitoramento local na Avenida União dos Ferroviários.

Ainda assim, através de parcerias com a iniciativa privada, o sistema foi complementado com mais tecnologia.

Credenciada como representante do programa Vigilância Solidária da Tecvoz em Jundiaí, a empresa Basson Segurança implementou mais 6 câmeras de monitoramento do modelo bullet TV-ICB212 ao longo da avenida, com a infraestrutura de internet necessária para levar as imagens para a nuvem em um período de uma semana antes do carnaval.

Em uma parceria com a provedora local de internet Maxiweb, a Basson utilizou os Access Points ePMP 2000 combinados às antenas ePMP Force 200 da Cambium Networks, estabelecendo um enlace entre os dispositivos e o ponto de acesso à internet na frequência de 5.8 GHz.

“Com o uso da plataforma Vigilância Solidária, pudemos disponibilizar o acesso das imagens para um número ilimitado de pessoas, tanto em tempo real quanto das imagens gravadas, através da nuvem da Amazon”, destaca Carina Basson, diretora da empresa. “Ficamos lisonjeados de fazer parte da Operação de Carnaval de Jundiaí. Trata-se de um projeto eficaz e moderno, que unifica informações entre as forças de segurança proporcionando tranquilidade e paz a todos. É a tecnologia a serviço da segurança”.

Esta mesma infraestrutura de internet foi aproveitada para visualizar as imagens da Speed Dome na unidade móvel diretamente do CICCJ e por outra parceira privada da operação de carnaval, a AeroKapture, especializada em serviços de imagens aéreas.

A companhia participou dos quatro dias do feriado de carnaval, operando dois drones, um DJI Phantom 4 e um DJI Phantom 4 Pro, resultando em mais de 20h de vôo, com 57 km percorridos.

“Quando consideramos o impacto e a facilidade que os drones trazem, com a transmissão ao vivo das imagens para a sala de situação, conseguimos oferecer às várias entidades uma visão abrangente do que acontecia nos locais do carnaval. É uma iniciativa inédita e para nós foi de extrema importância estar auxiliando em tornar o Carnaval de Jundiaí mais seguro”, destacou Cesar Teatin Cocco, diretor da AeroKapture.

Unidade móvel do programa "Crack, é possível vencer" possui cinco câmeras para servir como uma central de monitoramento local

De acordo com o subinspetor Russo, os principais focos de atuação foram “a identificação das pessoas e aglomerações, principalmente na concentração e na dispersão, além de monitorar venda de bebidas alcoólicas não autorizadas, produtos ilícitos, confusões no meio da população e, desta forma, conseguimos trabalhar com um pouco mais de inteligência”.

O comandante do 11º Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPMI), tenente-coronel Henrique Neto, também reforçou as vantagens da criação da Comissão para o trabalho conjunto. “O CIC-CJ reflete a economia de recursos e otimização, cada segmento envolvido faz a sua parte e o resultado é total, em tempo real. É o sistema de cooperação para a gestão eficiente, com a participação de especialistas altamente habilitados”.

A Polícia Militar também aproveitou esta oportunidade para instalar boletins de ocorrência eletrônicos nas viaturas, oferecendo um acesso direto com a Polícia Civil de qualquer lugar. “Este é um momento ímpar: Executivo e forças de segurança tratando do assunto de forma efetiva e integrada”, destacou o tenente-coronel.

Com todas essas ações, os resultados não poderiam ser melhores: nenhuma ocorrência grave foi registrada e as ações impediram venda de produtos ilegais, evitaram desinteligências e perturbação de sossego e até resultou na apreensão de uma réplica de arma em posse de um folião menor de idade. “A dispersão dos blocos na região central ocorreu tranquilamente e as ruas já começavam a ser liberadas pelas equipes da Limpeza Urbana e Mobilidade e Transporte”, destacou Marcelo Peroni, gestor de Cultura da administração municipal, que acompanhou as operações no CICCJ.

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