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ARTIGO: O papel das centrais de videomonitoramento no combate ao feminicídio

Por Gustavo Zuccherato

Por Selma Migliori*

Na última semana os noticiários mostraram mais um caso de tentativa de feminicídio. Uma mulher foi espancada por mais de quatro horas e, com o auxílio de vizinhos e do porteiro do prédio, o agressor – conhecido da vítima – foi identificado e preso em flagrante. Esse caso, que chama atenção pela brutalidade, é o retrato dos altos índices de feminicídio no país. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o Brasil é o 5° lugar no ranking mundial de feminicídio.

O estudo leva em conta o assassinato de mulheres cuja motivação está relacionada ao fato da vítima ser do gênero – e não a todas as mortes de mulheres, como equivocadamente é entendido por alguns. E o setor de segurança eletrônica conta com uma ferramenta poderosa para contribuir no combate à violência doméstica e ao feminicídio. É inegável que hoje as câmeras de videomonitoramento estão presentes onde – muitas vezes – ninguém mais está.

É necessário preparar operadores de centrais de videomonitoramento para identificar e responder corretamente quando a ocorrência flagrada é uma situação que indique abuso.

Os equipamentos de segurança eletrônica estão instalados nas ruas, elevadores, cômodos, condomínios, e observam 24/7 o que acontece nesses locais. E exatamente por não se tratar de eventos isolados, é necessário preparar operadores de centrais de videomonitoramento e agentes públicos a identificar e responder corretamente quando a ocorrência flagrada não é, por exemplo, um assalto ou tentativa de furto, mas um tapa, um puxão de cabelo e outras situações que indiquem abuso.

Por exemplo, de acordo com o levantamento de Jefferson Nascimento, doutor em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo (USP), somente na primeira semana de 2019 os veículos de imprensa noticiaram 32 casos de feminicídio: 21 mortes e 11 tentativas de assassinatos. Por isso, não é possível ignorar o poder que os sistemas eletrônicos de segurança e seus agentes podem desempenhar nesse sentido.

Se no ditado popular “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, os índices de violência doméstica e morte de mulheres nos diz o contrário – mas, para isso, é necessário treinamento. Assim como os agentes de segurança recebem treinamento para reagir a outros crimes, este é mais um que se soma à lista e, assim como os demais, deve ser levado com rapidez e profissionalismo.

Selma Migliori, presidente da ABESE

Selma Migliori

É presidente da ABESE – Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança

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