Ministério vai investir R$ 7 milhões na criação do Centro Internacional para Segurança Pública no Brasil e atuar em parceria com a ONU
Um termo de cooperação assinado pelo Ministério da Segurança Pública com o (Unodc) Escritório Sobre Drogas e Crimes da Organização das Nações Unidas permitirá ao Brasil criar um organismo federal para coletar, analisar e divulgar estatísticas sobre segurança pública, sistema prisional e drogas.
Segundo o ministro Raul Jungmann, a criação do Centro Internacional para Segurança Pública no Brasil custará cerca de R$ 7 milhões aos cofres públicos. A previsão é de que as operações comecem até meados de dezembro.
Ao assinar, em Brasília, o compromisso com o Unodc, Jungmann destacou a importância da iniciativa. Segundo o ministro, até hoje, o país não tinha tido condições de produzir dados estatísticos de abrangência nacional para a área de segurança pública. Consequentemente, o próprio governo federal costuma recorrer a levantamentos produzidos por organizações não governamentais (ONGs), como o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O Centro Internacional ficará subordinado ao Ministério da Segurança Pública. Além de contribuir para qualificar os processos de coleta, geração e análise de dados estatísticos, o instituto também deve facilitar o compartilhamento de informação e conhecimento sobre segurança pública, sistema prisional e políticas sobre drogas.
“Estamos trazendo a Organização das Nações Unidas, cujo escritório que trata do combate aos crimes e às drogas [o Unodc] tem 73 escritórios espalhados em todo o mundo, para nos auxiliar na produção de informações, de inteligência, de dados que nos permitam ampliar o combate ao crime organizado e à violência, reduzindo a insegurança no país”, disse Jungmann.
O Centro Internacional para Segurança Pública vai atuar com seis eixos temáticos principais: homicídios; crime organizado e mercados ilícitos; sistema prisional e reintegração social; prevenção social e situacional das violências no pacto federativo, pesquisas de vitimização e percepção social da insegurança e transparência e integridade das atividades de segurança pública.
As informações serão fornecidas pelos governos estaduais, a exemplo do que já ocorre no âmbito da Saúde, setor no qual o DataSUS auxilia os órgãos do Sistema Único de Saúde, entre eles, o Ministério da Saúde, com sistemas de informação e suporte de informática, necessários ao processo de planejamento, operação e controle das políticas públicas.
De acordo com Jungmann, mesmo com o investimento de milhões de reais no Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisional e sobre Drogas (Sinesp, criado em julho de 2012), a obtenção de dados precisos sobre a segurança pública nos estados sempre foi difícil. Realidade que o ministro acredita que tende a mudar com a plena vigência do Susp (Sistema Único de Segurança Pública), cuja lei foi sancionada em junho deste ano.
O representante da UNODC no Brasil, Rafael Franzini, e o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, durante cerimônia de assinatura de protocolo de intenções para criação do Centro Internacional para Segurança Pública no Brasil.
O representante da UNODC no Brasil, Rafael Franzini, e o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, durante cerimônia de assinatura de protocolo de intenções para criação do Centro Internacional para Segurança Pública no Brasil.
“O país não conseguia produzir estatísticas nacionais porque os estados entregavam os dados se quisessem. Se um estado não queria enviar os dados relativos às ocorrências criminais, ele não mandava. Se entendia que as informações coletadas não pegavam bem politicamente, ele não as enviava”, disse o ministro. “Há uma perspectiva, da qual não queremos lançar mão e fazer uso, que os estados que não repassarem as informações sobre segurança pública ficará fora dos acordos e convênio de repasses [de recursos federais]. Esperamos que isso não aconteça”, acrescentou o ministro.
Representante regional do Unodc para o Brasil, Rafael Franzini Batlle destacou que as políticas públicas que não têm base em evidências estão fadadas ao fracasso. “O uso das estatísticas e o monitoramento são básicos para o desenvolvimento e para a implementação de políticas públicas”, destacou Battle, explicando que o Unodc já desenvolve ação semelhante em parceria com o governo do México.