por Eduardo Masulo*
Quanto custa ter uma empresa fora do ar? Um serviço não realizado? Uma entrega não feita? Uma expectativa frustrada de um cliente? Somente no Brasil, no ano de 2021, foram cerca de 15 mil casos de roubos de cargas e um prejuízo de R$ 389 milhões segundo a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).
Já o mercado de blindagem de veículos teve um crescimento de 45% comparado com ano anterior, segundo a Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem). No Rio de Janeiro, os trens urbanos tiveram seus serviços paralisados em virtude de furtos de cabos e, até o mês de julho de 2022, foram mais de 900 ocorrências, 60% a mais que no mesmo período do ano anterior. Na esfera rodoviária de transportes públicos, o Brasil contabilizou mais de 4,3 mil ônibus incendiados em ataques criminosos entre os anos 1987 e 2018, segundo CNT (Confederação Nacional de Transportes).
Frente a esses exemplos, a segurança ou a falta dela, está mais presente em nossas vidas do que pensamos. Todos somos ou seremos afetados direta ou indiretamente pela ausência da segurança, seja na esfera pública ou privada. Por isso, este é um setor que possui um enorme potencial para garantir, blindar e expandir os negócios. Já quando ignorado, apresenta consequências das mais diversas.
Com a velocidade que as informações giram o mundo, as empresas estão suscetíveis a falhas em questão de milésimos de segundos: ataques hackers sequestrando dados sensíveis, roubos de cargas como um novo nicho de receitas para organizações criminosas, roubos de cabos que paralisam transportes ferroviários, redes de telefonias sendo apropriadas indevidamente em regiões dominadas por milícias e joalherias sendo alvos de ataques no interior de shoppings centers, com notória demonstração de força, estratégia e ousadia por parte dos criminosos, entre outras.
Deixar de considerar a violência e seus impactos nos negócios, com a desculpa de que o Estado é quem tem o dever de prover segurança, já não faz mais sentido. Ficar inerte a esses tipos de situações significa perder mercado para a concorrência e, o pior, ser visto como negligente pelos canais midiáticos.
Apesar do problema ser amplamente divulgado, para aqueles que trabalham na área de Segurança a luta é diária, pois não há um entendimento com os demais setores de que esse investimento não é somente um custo, mas sim uma blindagem do negócio. Na defesa do orçamento de Segurança é provável escutar “qual o histórico que justifique esse gasto?”, quando, na verdade, deveria ser considerado “qual o impacto, uma vez que aconteça tal falta de segurança?”. As respostas circundam entre descontinuidade do negócio, entregas não realizadas, vendas perdidas, descredibilidade da marca e perda de vidas, entre outras
Enxergar a segurança como um braço para expandir negócios e garantir processos já faz a diferença em algumas empresas que entenderam essa importância ou mesmo tiveram que aprender por meio da dor de grandes perdas financeiras ou exposição da marca. A história nos mostra diariamente o preço de negligência com a falta de investimentos com segurança.
Por isso, é necessário entender que a violência dificilmente não estará no nosso caminho diário e que fechar os olhos para isso não é a solução. Somos diretamente responsáveis pelo crescimento dessa violência quando compramos produtos de origem desconhecida no “inofensivo” mercado informal por valores incrivelmente mais baixos, quando os omitimos em ver atos ilícitos e nos calamos, quando, enquanto gestores de empresas, não consideramos os perigos e nos tornamos alvos fáceis para ataques, que apesar de não ser justificável, temos o dever de contribuir para uma sociedade melhor.
*Eduardo Masulo é consultor sênior na ICTS Security, empresa de origem israelense que atua com consultoria e gerenciamento de operações em segurança.
Falta de investimentos em segurança e os altos custos da violência
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