Por José Ricardo Maia Moraes
O aviso soou alto e claro: a criptografia que protege nosso mundo digital está com os dias contados. Enquanto laboratórios ao redor do globo anunciam avanços na computação quântica, especialistas em segurança travam uma batalha silenciosa para evitar o caos digital. O que parecia ficção científica há uma década tornou-se uma urgência operacional – e o tempo está se esgotando.
A realidade é dura. Sistemas que hoje garantem desde transferências bancárias até segredos de Estado repousam sobre alicerces matemáticos que um computador quântico pode demolir em horas. O famoso algoritmo de Shor não é mais uma curiosidade acadêmica, mas uma ameaça concreta que já motiva ataques “hack now, decrypt later” – onde dados são roubados hoje para serem decifrados quando a tecnologia quântica estiver disponível.
A resposta veio da comunidade criptográfica: algoritmos pós-quânticos baseados em problemas matemáticos que resistem até mesmo ao poder de processamento quântico. Mas aqui surge o paradoxo da transição. Como substituir a infraestrutura global de segurança sem causar colapso nos sistemas? Como garantir que um hospital, por exemplo, continue operando enquanto seus sistemas de proteção são reconstruídos do zero?
A revolução já chegou
Os primeiros sinais dessa revolução já são visíveis. Protocolos experimentais estão sendo testados em comunicações críticas, enquanto órgãos padronizadores trabalham contra o tempo para definir as regras desse novo jogo. A verdade inconveniente? Não se trata apenas de trocar um algoritmo por outro. Estamos falando de reescrever as regras básicas de como a confiança digital é estabelecida na internet.
O lado fascinante dessa crise é como ela está forçando a indústria a repensar conceitos arraigados. A segurança por obscuridade morreu de vez. A agilidade tornou-se mandatória. E a colaboração entre acadêmicos, empresas e governos – antes pontual – transformou-se em necessidade de sobrevivência.
Enquanto isso, um novo front se abre: a inteligência artificial está sendo recrutada como aliada nessa guerra. De um lado, ajuda a encontrar vulnerabilidades nos novos esquemas criptográficos. De outro, acelera a migração em massa que precisará acontecer nos próximos anos. É uma corrida armamentista digital onde ambos os lados usam as mesmas armas.
Agora é a hora da adaptação
O que está em jogo vai além da tecnologia. É a própria confiança na infraestrutura digital global. Bancos, governos e cidadãos comuns precisarão aprender a conviver com uma verdade desconfortável: nenhum sistema é eternamente seguro. A única saída é construir organizações ágeis o suficiente para se adaptar continuamente.
Os próximos cinco anos serão decisivos. Quem subestimar essa transição pagará um preço alto. Mas para os que encararem o desafio de frente, surge uma oportunidade única: redesenhar a arquitetura de segurança digital para as próximas décadas.
A revolução quântica não está chegando – ela já bateu na nossa porta. A questão não é se estamos prontos, mas se seremos rápidos o bastante para nos adaptar.
*Por José Ricardo Maia Moraes, CTO da Neotel.
Sobre a Neotel
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A empresa foca no relacionamento para conhecer profundamente os clientes e assim oferecer serviços e soluções de forma totalmente agnóstica, escalável, elástica, transparente e simplificada.
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