Por Eduardo Masulo *
A adoção de sistemas de reconhecimento facial, alarmes, detectores de invasão e câmeras de alta resolução fazem parte do investimento em tecnologias na esfera privada e que nos dá a impressão de que estamos livres de inconveniências ao escolher um shopping para passear, não é mesmo? Entretanto, ainda que tenhamos um excelente parque de câmeras, detectores e tecnologias de ponta, é necessário contar com um efetivo de agentes de segurança compatível com o espaço físico das instalações, com treinamentos adequados, além de uma pronta resposta da Segurança Pública quando acionada. Ou seja, para evitar um ataque de criminosos é necessário um conjunto de soluções caminhando em sincronia e não de forma isolada.
As tecnologias devem estar alinhadas e em equilíbrio com os times operacionais e não devem servir de válvula de escape para gestores extinguirem vigilantes ou reduzirem indiscriminadamente os postos de trabalho ao ponto de fragilizar a segurança do ambiente. Um erro muito comum da área é querer se basear em experiências vividas por países europeus, que têm uma cultura totalmente diversa da nossa, sem contar o aparelhamento das forças de segurança públicas de lá, além das severas penas àqueles que descumprem as leis.
Nesse sentido, devemos considerar os níveis de maturidade de cada cultura e analisar o que realmente se aplica por aqui. Estamos preparados com tantas desigualdades? Não são raros os casos de roubos a joalherias, lojas de departamentos e de celulares. Uma boa parte da criminalidade já não se preocupa em ser identificada por sistemas de CFTV (Circuito Fechado de Televisão). A certeza do êxito na empreitada criminosa desperta e motiva novos ataques, sem contar os baixos índices de elucidações de crimes por parte das polícias judiciárias brasileiras, que estão sucateadas em questões de materiais e efetivos.
Ao caminhar por shoppings é fácil notar a escassez de vigilantes, aqueles profissionais que, se bem treinados, vão muito além de profissionais de segurança. Eles são orientadores de público, suporte rápido em uma emergência, como um mal súbito de um cliente ou lojista, por exemplo, e garantem o bem-estar e a tranquilidade, aumentando a sensação de segurança para todos.
Com os elevados índices de desemprego chegando a 11,2% ou 12 milhões de brasileiros, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é cada dia mais comum ver a prática da mendicância ou vendedores ambulantes orbitando nas praças de alimentação dos shoppings. Os problemas que aparentam ser pequenos agora, e que não são dados a devida importância, tendem a crescer. Ao mesmo tempo, não há espaço para quadros inflados no mundo corporativo, a margem de erro é praticamente inexistente e os gestores precisam equilibrar o orçamento com o nível de serviço em um exercício diário por oportunidades, ou seja, fazer mais com menos. E nessa estratégia, responsabilidade é fundamental.
Precisamos entender que a tecnologia potencializa os resultados e, junto aos profissionais bem treinados, trará retornos financeiros, além da blindagem do aparelho privado e de seus frequentadores. Soluções mágicas com produtos, sistemas e serviços ofertados nas páginas da web não consideram as variáveis por decisões de gestores, ou seja, as contratações costumam acontecer com foco único nas metas da área e na redução de custos. Saber qual o real problema do negócio a partir de análises realizadas por profissionais qualificados por meio de uma terceirização especializada é um bom caminho para minimizar os riscos ocultos dos negócios. E temos a obrigação ética e moral de cuidar bem da segurança dos nossos clientes e parceiros.
*Eduardo Masulo é consultor sênior na ICTS Security, empresa de origem israelense que atua com consultoria e gerenciamento de operações em segurança.