Por Braulio Lalau de Carvalho*
Você sabia que o nosso corpo é o responsável por dar sentido a mais da metade do que queremos falar (55%)? Eu descobri isso em um estudo da Universidade da Califórnia (UCLA). Nele, também estava registrado que 38% do que pensamos está traduzido em nosso tom de voz e apenas 7% é revelado por meio da nossa fala.
Ainda que inconscientemente, fico realmente muito mais atento ao que as pessoas não expressam por palavras
Quando converso com alguém, tenho por hábito reparar no comportamento geral da pessoa, mas confesso que os dados me impressionaram. Eu imaginava que nosso discurso representasse um pouco mais. Porém, fazendo um retrospecto dos últimos bate-papos que tive, notei que, ainda que inconscientemente, fico realmente muito mais atento ao que as pessoas não expressam por palavras.
Sabe aquela situação de estar conversando com alguém e essa pessoa não parar de consultar as horas no celular? Não sei quanto a você, mas para mim passa a mensagem de que ela precisa ou gostaria de estar em outro lugar. Também me incomoda quando chego empolgado para um encontro e não sou recepcionado com um aperto de mão firme, não existe uma conexão olho no olho durante o bate-papo e há pouca positividade no tom de voz do outro. Tudo isso é linguagem não-verbal.
Talvez, a pessoa não tenha a intenção de despertar sensações controversas, mas é importante ficarmos atentos para que esses comportamentos não interfiram de maneira negativa no desfecho de oportunidades de relacionamento, negócios ou emprego.
Não dá para generalizar, mas vale ter atenção aos gestos e nos comportamentos.
É claro que não dá para generalizar. Por exemplo, dizem que braços cruzados passa a ideia de irritação ou rejeição, mas pode ser que a pessoa esteja com frio porque a blusa é fina e o ar condicionado da sala está ligado. A má postura ao sentar também tende a transmitir mensagens negativas, mas pode ser apenas reflexo de uma cadeira desconfortável. Suar em excesso ou gaguejar costuma ser interpretado como indícios de mentira ou desconforto na situação, mas pode ser uma questão de saúde.
O que vale é ter atenção nos gestos e nos comportamentos. Policie-se para manter uma respiração regular e posicionar as mãos sobre a mesa ou próxima ao corpo, sem contorcê-las. Lembre-se: se não agir com tranquilidade, tudo o que você não conseguir, puder ou quiser falar vai ser entregue pelo seu corpo. Nem todas as pessoas estão capacitadas para fazer essa leitura, mas um especialista em recrutamento, por exemplo, estará atento a esses sinais.
Penso que, apesar da existência de vários livros e estudos sobre o tema, não há uma cartilha que garanta 100% de sucesso no nosso desempenho ao nos comunicarmos. Mas, não custa nada pesquisar sobre o assunto e reavaliar nosso comportamento. Paralelamente a isso, sugiro que você se baseie em três regras básicas:
- Prepare-se para os encontros, palestras, entrevista, eventos ou outra atividade qualquer;
- Reserve um tempo na agenda para estar no local de corpo e alma;
- Aja com naturalidade. Agindo assim, você terá mais chances de que sua fala, seu tom de voz e seus gestos estejam em harmonia ao traduzir sua personalidade, seu estado de espírito, seus pensamentos e suas intenções!
Fique de olho na maneira como está se comportando no ambiente de trabalho e tome cuidado para não desperdiçar boas oportunidades.
Braulio Lalau de Carvalho
É CEO da Orbitall, empresa do Grupo Stefanini