Por Peter Panfil*
Milhões de sistemas UPS implementados em data centers ao redor do mundo usam diversos tipos de baterias para fornecer alimentação de energia em caso de uma indisponibilidade não planejada. Isto significa que há centenas de milhões de baterias espalhadas ao redor do mundo armazenando enormes quantidades de energia.
Grande parte dessa energia não é utilizada.
Existem milhões de baterias ao redor do mundo armazenando enormes quantidades de energia. Então porque não aproveitar uma parte dessa energia?
A indústria de data centers sempre viu esta característica como sendo uma ineficiência intrínseca de um sistema que luta sem cessar para eliminar todas as ineficiências. Deste quadro, nasce a pergunta: porque não aproveitar uma parte desta energia armazenada e não usada?
Claro, isto não é tão simples. Durante décadas, a grande maioria destas baterias foram baterias de chumbo-ácido reguladas por válvula (VRLA), semelhantes às baterias do seu carro. Você se sentiria confortável usando a energia “não usada” desta bateria, quando você não a está usando para dar partida no seu carro?
Em primeiro lugar, as baterias VRLA não são especialmente eficientes e, apesar de fazer o trabalho que um UPS necessita, descarregam relativamente rápido. Aproveitar as baterias VRLA quando elas não estão sendo usadas para o backup do data center não é apenas arriscado, é imprudente. Por esta razão, isto raramente, ou nunca, acontece.
Mas as coisas estão mudando nos data centers.
Baterias de ion-lítio proporcionam opções mais versáteis e duradouras, permitindo usos mais criativos destas baterias.
Baterias de íon-lítio lideram uma onda de tecnologias mais avançadas de armazenamento de energia. São soluções que proporcionam opções de alimentação temporária mais versáteis e mais duradouras. Isto gera oportunidades para as empresas fazerem usos mais criativos destas baterias. Potencialmente, é possível criar sofisticadas interações entre os sistemas de UPS do data center e a rede elétrica pública. Esta é uma das tendências de data centers em 2019, identificadas por especialistas da Vertiv global.
Estes sistemas UPS mais inteligentes e suas baterias mais versáteis, que proporcionam sua alimentação de backup, podem dar aos gestores de data centers os recursos que precisavam para realizar o gerenciamento da carga e de cortes de pico de demanda (peak shaving). Embora esse ganho já seja possível, poucas organizações estão aproveitando essa oportunidade.
As possibilidades da energia que sobra das baterias de íon-lítio são vastas, incluindo o uso desta energia armazenada para ajudar a concessionária a operar a rede elétrica.
É possível, portanto, imaginar um futuro onde estes sistemas UPS abram, para o data center, uma nova fonte de receitas através destas baterias.
Há dúvidas, é claro – uma das mais importante é saber se as organizações ficarão confortáveis em terceirizar esta energia. Ainda assim, vivemos um momento disruptivo em que tecnologias como estas apresentam novas opções ao mercado.
Peter Panfil
É Vice-presidente de Energia Global da Vertiv.