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Porto de Vitória: Integração nacional para eficiência logística

Por Gustavo Zuccherato

Preparando seus acessos para atender as exigências do projeto Cadeia Logística Portuária Inteligente – Portolog, o Porto de Vitória está implementando tecnologias avançadas de acesso com inteligência artificial em sua operação

Iniciativa do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil anunciada no final de 2016 como parte da sua missão de formular políticas e diretrizes para o desenvolvimento e o fomento destes setores, a Cadeia Logística Portuária Inteligente – Portolog está prestes a entrar em funcionamento no segundo dos 12 portos públicos brasileiros que devem fazer parte do projeto. Após a implementação nos terminais de granéis do Porto de Santos, em São Paulo, logo após o lançamento da iniciativa, agora é a vez do Porto de Vitória, no Espírito Santo, receber o sistema que revoluciona o processo de transporte e escoamento da produção nacional pelos terminais portuários brasileiros.

Cada lane possuirá um poste com 6 câmeras OCR para leitura de placas veiculares e do código dos contêiners, além de totem de autoatendimento para identificação do motorista

Através da implantação de um Sistema de Informação desenvolvido pela Serpro, denominado Portolog, o projeto permite realizar o agendamento e sequenciamento de acesso de caminhões aos portos, a fim de sincronizar as datas de chegada dos navios e das cargas nos terminais, melhorando a programação e o credenciamento de veículos para a utilização da capacidade máxima do porto. Para isso, é claro, a melhoria dos controles de acesso aos terminais baseado na automação pelo uso da tecnologia é essencial.

Assim, a Secretaria Nacional de Portos elaborou 12 anteprojetos que prevêem a implementação de Identificação por Rádio Frequência (RFID – Radio Frequency Identification); reconhecimento óptico de caracteres (OCR – Optical Character Recognition) para detecção automática das placas do veículo e do código BIC (Bureau International des Containers) do contêiner; e reconhecimento Biométrico para detecção e identificação do motorista. No Porto de Vitória, a vencedora da licitação foi a Ergos Group, subsidiária brasileira da Certus Port Automation, responsável pela automatização de importantes portos internacionais como o de Roterdã, na Holanda, de Algeciras, na Espanha, e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.

O projeto, orçado em R$21,9 milhões, foi baseado na construção e fornecimento dos equipamentos para os novos gates de acesso nas portarias dos Cais de Vitória e de Capuaba, em Vila Velha, com um total de 10 linhas de acesso. “São 4 gates de entrada e 4 de saída na margem de Vila Velha e outros 2 reversíveis na margem de Vitória”, disse Maxwell Rodrigues, CEO da Ergos Group. “Estes gates serão automatizados através da tecnologia da CERTUS e HTS, testada nos melhores portos do mundo, incluindo OCR, balanças, CFTV, quiosque de auto atendimento, cartões Mifare, entre outros”.

Cada linha de acesso possui um poste com seis câmeras da HTS, sendo duas para a captura da placa dianteira, duas para a placa traseira e outras duas para capturar o código do contêiner, quando houver. Além disso, o totem de autoatendimento inclui mais uma câmera IP, um intercomunicador, os leitores de cartão Mifare HID R10 e o leitores de tag RFID, conectados à uma placa controladora da Apollo Security.

“São marcas que nós já trabalhamos em outros projetos, que nos proporcionam excelentes resultados em durabilidade, confiabilidade e precisão. A Certus, em especial, é a de maior credibilidade de mercado mundial, amplamente utilizada nos mais modernos portos do mundo e atendendo todas as especificações técnicas para o projeto”, ressaltou o CEO da Ergos Group.

Para diminuir ao máximo as possibilidades dos acessos ficarem inoperante, o processamento do OCR é feito tanto na câmera como em um servidor local para cada lane, com o software CGATE da CERTUS. “Após isso, os dados são direcionados para um servidor principal, com o software PASS, da CERTUS, para monitoramento de todos os ativos de cada linha de acesso. Esse software se comunica com o Q-Ware da Serpro, permitindo que os sistemas do projeto possam enviar e receber informação do Portolog de forma assíncrona”, explica Rodrigues. “Toda a comunicação é feita através de uma rede Gigabit com total redundância. Tanto dados como fotos dos eventos dos Lanes serão armazenados por até 20 anos, podendo ser expandidos apenas com adição de mais HDs”.

As portarias também contarão com outras câmeras para a segurança do ambiente e da operação, totalizando mais de 70 dispositivos no projeto como um todo, que serão integradas à um Centro de Controle Operacional (CCO) da CODESA na margem de Vila Velha com duas estações de trabalho e duas telas de 40” para visualização das imagens. O Porto de Vitória ainda conta com outras 100 câmeras espalhadas pelos prédios administrativos, berços e retroárea conectadas ao CCO sob a responsabilidade da Coordenação de Segurança Portuária.

Para a Companhia das Docas de Espírito Santo (CODESA), autoridade portuária responsável por toda a operação do porto de Vitória, os principais desafios enfrentados neste projeto foram as obras civis, especialmente no Cais da Capuaba, onde houve necessidade de retirar veículos quebrados e caminhoneiros que utilizavam a área como estacionamento. As análises e aprimoramentos dos processos operacionais, com as integrações entre os sistemas novos e existentes também foram desafios pontuados pelo CEO da Ergos Group.

As obras de infraestrutura estão em fase de finalização e a implantação de toda a tecnologia deve demorar mais três meses, com o sistema entrando em plena operação até o segundo semestre de 2019.

Recebendo, em média, 500 caminhões por dia em todo o complexo portuário, a automação das portarias tem como um dos principais objetivos evitar as filas de veículos, tanto na capital como em Capuaba, Vila Velha. “Atualmente, cada caminhão leva em média 5 minutos para ter acesso ao Terminal Portuário. Nossa expectativa é, com o sistema automatizado, esse tempo seja diminuído para 2 minutos, já considerando as tratativas de exceções”, pontuou Milton Fernandes, Encarregado de Cadastramento e Credenciamento da CODESA.

Pela nova sistemática, os caminhões só entrarão no porto com horário pré-agendado. Antes de chegar ao complexo portuário, eles são direcionados para algum dos dois pátios de triagem credenciados, denominados Áreas de Apoio Logístico Portuário, e permanecem aguardando o cadastramento ou agendamento no sistema Portolog. Após a análise das vagas na proximidades do porto, os caminhões agendados são encaminhados para seu recepcionamento e informados do horário de saída para se encaminharem aos terminais portuários, recebendo a tag RFID e os cartões para identificação.

“O Portolog tem a função de fornecer uma ferramenta especialmente desenvolvida para o monitoramento integrado e um controle eficaz nas áreas públicas do porto, terminais e pátios, trazendo segurança e agilidade para as operações”, disse Gustavo Martinez, coordenador de T.I. da CODESA. “Após implantado, o Portolog deve interligar-se ao Porto sem Papel – sistema de informação que reúne em um único meio de gestão as informações e a documentação das mercadorias embarcadas e desembarcadas nos portos – e ao Sistema de Monitoramento do Tráfego de Embarcações, o VTMIS, que possibilitará o acompanhamento e gerenciamento, em tempo real, do fluxo de embarcações no canal de navegação e nas áreas de fundeio do Porto”.

Iniciando pela automatização dos portos, a Cadeia Logística Portuária Inteligente tem como pretensão permitir o gerenciamento do tráfego de caminhões desde a origem da carga até a entrega no navio, devendo estender o monitoramento por todos os corredores rodoviários do país. Para tanto, o Ministério também acionou a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a Agência Nacional de Transportes Aquáticos (ANTAQ) e Empresa de Planejamento e Logística (EPL) para que eles possam formular suas ações para garantir a plena integração da cadeia logística.

Caso progrida, esse projeto tem o potencial de criar um verdadeiro ecossistema IoT para o monitoramento logístico em nível nacional, fomentando o mercado de tecnologias de segurança como um todo. Grandes oportunidades de negócio para se ficar de olho daqui para frente.

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