Os atos de vandalismo ocorridos durante a invasão em massa aos prédios do governo nacional em Brasília, no último dia 8 de janeiro, se tornaram um grande exemplo, com repercussão internacional amplamente negativa, de um episódio marcado pela ausência de um esquema de segurança minimamente eficiente. Houve falhas graves no controle do fluxo dos manifestantes nas imediações, e a falta de proteção permitiu que as edificações históricas fossem acessadas com facilidade e, então, danificadas ou destruídas.
Marco Barbosa, diretor da unidade brasileira da Came, empresa líder mundial em produtos de automação de acesso, diz que não é possível apontar as falhas cometidas em Brasília sem ter em mãos uma análise técnica dos órgãos responsáveis. Porém, reconhece um fato que ficou óbvio para quem acompanhou de longe a invasão. “A única coisa que a gente pode identificar é a de que pessoas responsáveis por controlar a segurança, os equipamentos de proteção e o acesso, juntamente ao sistema de inteligência, não se comunicaram da forma ideal”, afirma.
Especialista em segurança, Barbosa exalta que sedes de grandes instituições e de governos, assim como outros locais que são considerados patrimônios ou monumentos históricos, precisam ser resguardados por um sistema definido de maneira criteriosa por meio de estudos realizados para detectar riscos e vulnerabilidades. Além disso, o diretor da Came destaca que o esquema de proteção deve ser preventivo para evitar episódios graves, lembrando que, muitas vezes, sua implementação só é feita após a ocorrência de problemas desta natureza.
“Pela longa experiência que a Came tem, fornecendo equipamentos para proteger vários monumentos e edificações importantes no mundo inteiro, nós somos um componente da engrenagem que compõe o esquema de segurança. Para a escolha de um produto de segurança, é preciso uma análise prévia de uma empresa de inteligência adequada para o local, onde vários aspectos e vulnerabilidades são analisados”, enfatiza Barbosa. O especialista ressalta que, no Brasil, há menos preocupação com investimentos preventivos do que, por exemplo, em países europeus e nos Estados Unidos.
“Culturalmente, a gente não preserva muito esses locais históricos , diferentemente do que ocorre na Europa, onde se usam métodos muito sofisticados, pois, lá, os administradores destas edificações e as autoridades sabem que não podem perder esses patrimônios históricos e culturais e já são precavidos para garantir a integridade e a preservação destes locais”, reforça.