Por André Ferreira*
Não é novidade para ninguém que o Brasil vive uma crise na segurança pública. Mas, afinal, como chegamos até aqui? Será que a culpa é somente do Estado ou temos todos, individualmente, nossa parcela de responsabilidade?
Em todo o País a segurança pública é uma preocupação e essa não é uma exclusividade das grandes metrópoles. O crime é democrático e ele alcança até onde o permitam ir. A falta de investimentos governamentais consistentes em segurança e o fracasso na implementação de projetos voltados para a área abriram as portas para o crescimento de organizações criminosas e contribuíram para que chegássemos no atual cenário.
É importante, também, ressaltar a responsabilidade do cidadão no contexto da segurança pública. Hoje, enfrentamos uma crise moral e ética na população brasileira: é considerado certo e vantajoso comprar um produto mais barato, por exemplo, independente da sua procedência. Mas, o fato é que os bens só são roubados porque tem quem os compre posteriormente.
Como consequência do abandono do Estado, somado a uma capacitação deficitária das forças policiais, temos um nível baixo de credibilidade das polícias perante à sociedade. Em pesquisa realizada pelo Datafolha no ano de 2019, 51% dos brasileiros disseram ter medo da polícia.
Esse cenário permitiu que organizações criminosas conseguissem as condições ideais para alavancar o seu crescimento. Antes, a fonte de renda dessas organizações vinha principalmente do tráfico de drogas, mas atualmente essa modalidade de crime é apenas mais uma dentre várias, como roubos a bancos, de cargas e a grandes centros de distribuição.
Em regiões como o Rio de Janeiro, onde temos um dos cenários de segurança mais delicados do País, também se desenvolveu a ação de grupos milicianos, que, inicialmente, tinham como objetivo ser uma força paramilitar para combate à criminalidade local em troca de vantagens financeiras junto à comunidade e as empresas atendidas pelo “serviço”. Contudo, atualmente, o que temos são grupos narcomilicianos, onde observamos uma troca de “boas práticas” entre traficantes e milicianos.
A lacuna deixada pelo Estado na segurança pública e a escalada exponencial da criminalidade praticamente deixou a responsabilidade da garantia de segurança para os cidadãos e as empresas do País. E, assim, como é costumeiramente feito quando se fala em saúde e educação, no caso de planos de saúde e instituições de ensino particulares, é preciso recorrer a meios suplementares para obtenção de uma segurança realmente efetiva.
A busca por soluções de segurança alavancou esse setor e, segundo dados levantados pela Fenavist (Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores), a receita bruta dessas empresas no ano de 2019 foi de quase R$ 37 bilhões, um aumento de R$ 678 milhões comparado ao ano anterior.
Com o aquecimento do setor, surgiram diversas empresas de segurança que buscam sua fatia nesse bolo. No entanto, se a oferta é muito ampla é necessário tomar alguns cuidados. Portanto, quem busca produtos ou serviços visando conseguir segurança efetiva para sua vida ou seus negócios necessita realizar um processo criterioso para a escolha de empresas ou equipamentos de segurança. Escolhas equivocadas podem acarretar prejuízos, como a seleção de equipamentos de baixa qualidade e até mesmo no impacto na imagem de empresas por ações erradas de agentes de segurança terceirizados. Colete informações, avalie e, se necessário, busque ajuda especializada para uma tomada de decisão assertiva.
André Ferreira
consultor de segurança empresarial na ICTS Security, empresa de origem israelense que atua com consultoria e gerenciamento de operações em segurança