Home Reportagem Pesquisa da Fiesp mostra tributação como principal entrave à competitividade da indústria

Pesquisa da Fiesp mostra tributação como principal entrave à competitividade da indústria

Para 83% dos empresários da indústria paulista, a tributação lidera os entraves ao aumento da competitividade, seguida pela burocracia excessiva (56,7%)

Para 83% dos empresários da indústria paulista, a tributação lidera a lista de entraves ao aumento da competitividade e do ritmo de crescimento, seguida pela burocracia excessiva (56,7%). Os dados são da pesquisa “Rumos Da Indústria Paulista – Barreiras à Competitividade e ao Crescimento da Indústria”, realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Outro resultado relevante da pesquisa é que temas como pesquisa e desenvolvimento (13,4%) e tecnologias da indústria 4.0 (9,7%), importantes para o aumento da competitividade do setor, não foram indicados pela maior parte dos empresários da indústria como obstáculos.

Temas como crédito para capital de giro, investimento e segurança jurídica também foram citados como preocupações pelos empresários consultados pela pesquisa online no terceiro trimestre deste ano, mas apareceram em segundo plano. Foram consultadas 827 empresas da indústria de transformação no Estado de São Paulo.

De acordo com o 2.º vice-presidente da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, o resultado da pesquisa reflete o contexto da recessão econômica que o país enfrenta desde 2014. Ele explica que, mesmo em períodos de faturamento menor, as atividades operacionais e burocráticas das empresas são mantidas, o que acaba onerando mais as indústrias.

Os funcionários, sistemas e outras estruturas e serviços para administrar o sistema tributário independem, de modo geral, do nível de atividade das empresas. Só para administrar o sistema tributário, as indústrias gastam 1,2% da receita, calcula. O gasto anual com a burocracia dos impostos se aproxima de R$ 37 bilhões, segundo estimativa da Fiesp.

Para a indústria a recessão foi observada já em 2013, derivando de uma estagnação em 2011 e 2012. O elevado nível de endividamento bancário das empresas leva algumas delas a deixar de honrar compromissos junto à Receita para direcionar recursos para a redução desse custo financeiro.

Perspectivas de crescimento para 2019

“Trabalhamos com um cenário de crescimento do PIB de cerca de 2,5% em 2019. Para o PIB da indústria de transformação, a nossa expectativa também é de uma alta em torno de 2,5% no ano que vem”, enfatiza Roriz. No entanto, ele sinaliza que este cenário de crescimento está condicionado à aprovação da reforma da Previdência no ano que vem e ao compromisso com o rigor fiscal.

A reforma da Previdência é fundamental para reduzir o nível de incerteza e, portanto, para a recuperação da confiança do empresariado e do consumidor. A contenção da trajetória de crescimento dos gastos previdenciários terá como resultado positivo uma menor pressão futura na dívida pública, o que resultará em menores taxas de juros e maior crescimento econômico.

Roriz alerta que “a aceleração do crescimento dependerá do avanço de reformas estruturais que melhorem o ambiente de negócios”. São diversos os problemas que devem ser solucionados por um plano de desenvolvimento. Além da questão fiscal é preciso equacionar toda a política macroeconômica, assegurar a queda dos juros básicos da economia (Selic) e aumentar a concorrência bancária.

O país precisa de medidas para desenvolvimento do crédito bancário, das fintechs e do mercado de capitais e também de medidas para manutenção da taxa de câmbio em nível competitivo e mais estável. É necessário fazer uma reforma tributária, proporcionando simplificação e isonomia entre os setores econômicos, e reduzir a burocracia e a insegurança jurídica. Também integram a lista de melhorias essenciais a infraestrutura, por meio de concessões e PPPs com reforço da segurança jurídica e desenvolvimento do financiamento com o mercado de capitais, e uma política industrial estimulando a inovação tecnológica, o aumento da produtividade e da competitividade. E ainda o aumento da qualidade da educação (capital humano), para que o Brasil se adapte aos desafios que a 4º Revolução Industrial impõe.

A meta é elevar sensivelmente o ritmo de crescimento econômico brasileiro, levando a expansão do PIB para em média 4,0% a.a. entre 2019 e 2024 e 4,4% a.a. entre 2025 e 2030. Para o PIB da indústria de transformação, o crescimento seria de 6,0% a.a entre 2019 e 2024 e de 6,9% no intervalo 2025 a 2030. “Por outro lado, caso não sejam conduzidas tais reformas, o cenário provável é de continuidade do baixo crescimento econômico no longo prazo e distanciamento cada vez maior em relação ao nível médio de renda dos países desenvolvidos”, finaliza Roriz.

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