No evento da 5G Americas, Anatel adianta faixas de frequência que deverão acomodar o 5G no futuro
Embora a cerimônia de abertura esteja agendada apenas para a noite, a 20ª edição da Futurecom já deu início na manhã desta segunda-feira à sua ampla programação de congresso com a série de encontros e painéis promovidos pelas parceiras ABRANET (Associação Brasileira de Internet), GSMA e 5G Americas.
No meio da tarde e já lotando as cadeiras da plateia do auditório Mauá, localizado em um espaço aberto no piso da feira, o painel de debates sobre regulação da 5G Americas deu um vislumbre sobre a realidade da implementação da próxima geração de conectividade móvel na América Latina.
Mediado pelo diretor da associação, José Otero, o painel reuniu representantes das agências reguladoras IFT do México, Sutel da Costa Rica, Anatel do Brasil e da União Internacional de Telecomunicações (Anatel) que apresentaram uma série de dados e planos referentes ao 5G para a região.
Para Vladimir Daigele, programme officer da União Internacional de Telecomunicações, a implantação do 5G deve levar em consideração três principais pontos que vão além dos aspectos meramente tecnológicos e regulatórios. “Em primeiro lugar, o 5G deve ser pensado a partir de um desenvolvimento sustentável. Hoje, ainda temos 3,4 bilhões de pessoas não-conectadas. É preciso pensar em como essa conectividade chegará à essas pessoas”, disse. “Em segundo lugar, precisamos entender o uso da infraestrutura combinando várias formas de entrega, incluindo o espectro eletromagnético, fibra óptica, satélite, entre outros. Por fim, há a educação, não só dos agentes de telecomunicações, mas também de outras verticais como agronegócio, por exemplo, que poderão se beneficiar da tecnologia em seus negócios”.
Nestes aspectos, algumas iniciativas levantadas por Gilbert Camacho Mora, membro do conselho da Sutel, da Costa Rica, podem ser um bom exemplo de caminho a ser seguido. Na linha do desenvolvimento sustentável, o governo costa-riquenho destinou parte do dinheiro do leilão das faixas de frequência para um fundo social dedicado exclusivamente para levar conectividade para populações mais vulneráveis. Outro caminho foi o estabelecimento de parcerias público-privadas para implementar a infraestrutura necessária por todo o país, especialmente nas regiões de menor interesse econômico para a iniciativa privada.
Como fato mais relevante para o mercado brasileiro, o gerente geral de espectro, órbita e radiodifusão da Anatel, Agostinho Linhares, ressaltou que as faixas de 2.3 a 2.4 GHz e de 3.4 a 3.6 GHz já estão cotadas para serem usadas para operação TDD (transmissão e recepção no mesmo canal) pelo 5G no futuro. A faixa do 1.5 GHZ também é outra possível adição ao espectro disponível para o 5G, mas ainda está em discussão na agência reguladora.
Saltando para as ondas milimétricas, a faixa dos 26 GHz (indo de 24.25 a 27.5 GHz) também deverá entrar na pauta de discussões no futuro, especialmente após a próxima Conferência Mundial de Radiocomunicações em novembro de 2019, onde deverão ser tratados os aspectos técnicos de viabilidade do uso desta faixa para o 5G.
“É importante dizer que 5G não está relacionado apenas ao espectro e vai muito além do IMT 2020. Há outras formas de entrega da conectividade, incluindo satélite, fibra óptica, entre outros”, destacou Linhares. “Pensar em levar infraestrutura de fibra óptica para o Brasil todo para dar base para o 5G é muito difícil. Por isso, a Anatel também estuda outras formas de construir esse backbone para o 5G como o uso de enlaces ponto a ponto”, exemplificou.
Com o próximo leilão de frequências sendo esperado para o segundo semestre de 2019, as discussões tendem a ficar cada vez mais intensas daqui para frente.
A Futurecom 2018 acontece de 15 a 18 de outubro, no São Paulo Expo. Continuaremos trazendo as novidades em nosso portal e em nossas redes sociais.